O Maranhão pede socorro
Artigo de Waldir Maranhão aponta abandono histórico e cobra ações urgentes do governo federal.

Desde a pré-campanha presidencial de 2018, o Brasil mergulhou em uma espiral de polarização política. De um lado, conservadores com discursos retrógrados; de outro, liberais e progressistas com pautas ideológicas cada vez mais distantes da realidade do país. Com prazo de validade vencido, a estratégia do “nós contra eles” só teve efeito nas últimas eleições, quando grupos políticos se enfrentaram pela alternância no poder.
A pouco mais de um ano da corrida presidencial de 2026, falsos messias surgem na cena política embalados por discursos de ódio e promessas absurdas. Quem se limita ao carrossel da polarização ignora que o Brasil é um intrincado quebra-cabeça, onde as mazelas atingem as 27 unidades da federação e os 5.570 municípios. Erra quem se restringe à realidade das capitais.
Há muitas décadas, o Maranhão sofre abandono político. Eleição após eleição, o trágico status quo permanece. Não por acaso, o estado é o mais pobre do Brasil. Bastam alguns quilômetros a partir de São Luís para constatar que a miséria está espalhada por todo o território maranhense.
A renda média mensal da população é de apenas R$ 409, menos de um terço da média nacional. Segundo o Censo do IBGE de 2022, cerca de 21% da população vive em extrema pobreza e 57,9% em situação de pobreza. O Maranhão possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país e a menor expectativa de vida. O estado enfrenta desigualdade social profunda, fruto de um passado colonial de exploração de terras e mão de obra.
A economia local se apoia em setores como agricultura e mineração, que geram poucos empregos e beneficiam apenas uma minoria, apesar do potencial logístico com portos como o de Itaqui. Falta infraestrutura básica, como estradas, transporte público eficiente e serviços essenciais de qualidade. A ausência de políticas eficazes de educação mantém altas taxas de analfabetismo, reduzindo oportunidades de emprego e ampliando a informalidade.
Às vésperas das eleições, a ciranda da polarização acelera, enquanto o Maranhão, exausto e depauperado, segue à margem. As lideranças políticas do estado, divididas entre articulações para 2026 e os privilégios restritos à capital, ignoram a dura realidade do interior.
O Maranhão não pode continuar esperando por uma mudança radical que assegure um futuro digno ao seu povo. No cenário nacional, a preocupação dominante é saber quem terá maior cacife para liderar a oposição na disputa presidencial. Enquanto isso, poucos se ocupam com a tragédia maranhense.
A transformação que o estado precisa não virá de um dia para o outro, mas deve começar imediatamente. Como disse o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho: “Quem tem fome, tem pressa.”
Se existe alguém capaz de iniciar essa mudança, é o presidente Lula, que sempre contou com a confiança da maioria dos maranhenses. Em seu discurso de posse como presidente nacional do PT, Edinho Silva afirmou: “O presidente Lula tem um projeto de nação, tem um projeto para o nosso país.” Esse projeto deve começar pelo Maranhão, que não pode continuar esperando enquanto seu povo é açoitado pela miséria. Reitero: somente Lula pode iniciar o processo de resgate do nosso estado.
(*) Waldir Maranhão – Médico veterinário e ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), onde lecionou por vários anos. Foi deputado federal, 1º vice-presidente e presidente da Câmara dos Deputados.
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